terça-feira, 25 de agosto de 2015

O retrato da felicidade

D. Maria é natural de Coronel Fabriciano, no interior de Minas Gerais, a 10h de viagem do Rio de Janeiro. Hoje D. Maria tem 66 anos. Mudou-se para o Rio há 46 anos e nunca mais ouviu falar da família. Não faz ideia de se os pais são vivos, os irmãos, tios, sobrinhos... Nunca se casou e não tem filhos. Há 7 anos ficou cega por causa do diabetes e mora em um asilo de religiosas em Jacarepaguá. Todo dia de consulta uma irmã a leva para o hospital com as receitas e as medidas de glicemia capilar feitas 3 vezes por dia.
Desde que eu conheço D. Maria eu brinco que vou mandar uma carta pro Luciano Huck contando a história dela pra ela se reencontrar com a família e aparecer na tevê.
Hoje ela chegou com um sorriso de orelha a orelha.
- Você não vai acreditar!
- O que foi?
- Eu conversei com a minha família.
E me narrou.
Uma irmã entrou em contato com o município e contou a história. Uma rádio local reproduziu e conclamou que se alguém achasse a história de D. Maria familiar, que entrasse em contato com o número tal no Rio de Janeiro.
E um dia, sem saber de nada, recebeu uma ligação da irmã.
- E como a senhora se sentiu ao falar com a sua irmã depois de tanto tempo?
Ela não respondeu. Aliás... respondeu sim... com lágrimas em vez palavras. Melhor resposta não há.
- Eu nem sabia se ainda tinha alguém vivo! São três irmãs e um irmão, e vinte e sete sobrinhos. Até minha mãe está viva!
- A senhora falou com ela?
- Ainda não...
- É bom ter um cardiologista do lado, hein... pra se ela enfartar com a notícia.
Eu chorei junto.
Ela não viu. Mas deve ter percebido.

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