terça-feira, 4 de abril de 2017

De volta ao ambulatório

Estamos indo de volta pra casa...
Tralala lalá laláá la
Tralala lala láá

De volta ao ambulatório de Endocrinologia do Hospital Cardoso Fontes.

Primeiro paciente....
Paciente de primeira vez.
22 anos, encaminhado por estar em uso de Nebido. Nenhuma informação a mais.

Primeiro pré-diagnóstico: bomba para academia.

Chamo o rapaz. Ele entra.
Baixa estatura.
Segundo pré-diagnóstico: deficiência de GH com hipogonadismo.

- Tudo bem? Em que posso ajudá-lo?
- Eu cheguei ao Rio há 1,5 mês, e preciso continuar a usar Nebido.
- Vi no encaminhamento que você estava usando. Que tipo de tratamento você está fazendo?
- Eu sou trans.

I couldn't see it coming. Jamais teria imaginado se ele não tivesse dito.

O que, 1) foi um ponto positivo, porque não fosse uma consulta médica, eu não precisava ter imaginado, não precisava ter sido dito. Era um rapaz. E pronto.
No entanto, 2) também foi um ponto negativo, porque me mostrou na cara como um médico fora de um serviço de referência está desacostumado a pensar nessa possibilidade.

Prescrever o Nebido, fazer a hormonização, é a parte mais fácil da história. Mas a atenção em saúde para a pessoa trans precisa ser, necessariamente, multidisciplinar. Deve envolver, além do endocrinologista, uma equipe com atenção em Psicologia, Assistência Social, Urologia, Ginecologia, Cirurgia Plástica, e muitas vezes até mesmo profissionais do Direito.

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