quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Acredite no paciente, parte 2

Não foi num tempo remoto e nem num lugar distante. Sra. E. foi submetida a um parto cesáreo com 39 semanas de gestação e o pequeno J.H. nasceu bem. A mãe evoluiu com infecção no sítio cirúrgico e ficou na maternidade por mais 9 dias. O pequeno bebê continuou bem e acompanhou de alta a internação da mãe.
Três dias depois de voltarem para casa, começou a perder peso e ficar desidratado, mesmo em aleitamento materno exclusivo sob livre demanda. Voltaram para o hospital.
O primeiro, o segundo, o terceiro diagnóstico da equipe médica foi maus tratos. Desnutrição por ausência de alimentação. Apesar de a mãe afirmar e reafirmar que não, que estava aleitando com bastante frequência até. Foi acionado o serviço social, foi feita notificação de maus tratos. A mãe foi tratada como uma bandida.
Tudo isso para dali a um tempo um pediatra com a cabeça no lugar fazer o diagnóstico de hiperplasia suprarrenal congênita em sua forma perdedora de sal, pedir parecer à Endocrinologia e iniciar tratamento com hidrocortisona e fludrocortisona.
Hoje eles vieram ao meu consultório pela primeira vez. J.H. está com 3 anos e clinicamente está bem. Vamos ver como os exames vão se mostrar. Os pais estão bem orientados, apesar de ainda estarem com medo da doença. Não foi fácil diagnosticar e não é fácil estar bem o tempo todo - e no caso dele, não estar bem pode significar uma internação séria.
Não é fácil, mas dá.
E nós vamos tentar.
E nós vamos conseguir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário